Obra que teria resultados eficazes contra as ressacas foi prometida pela prefeitura em 2017, mas moradores ainda aguardam o plano definitivo
Danilo Perelló - 04/06/2020 - O GLOBO
RIO — Um novo desmoronamento de parte do calçadão da Praia da Macumba, na última quarta-feira, colocou os moradores da região diante de mais um capítulo de uma novela já acompanhada por eles há muito tempo. Desta vez, o saldo é uma grande cratera, que continua a revolver a areia do solo, pontos da mureta rachados e trechos da faixa de rolamento e da ciclovia invadidos pela areia. A Defesa Civil esteve no local e interditou a área.
Desde 1999, o calçadão passa por reformas de recuperação, mas logo depois dos trabalhos volta a desabar, em consequência de uma nova ressaca. Em 2017, no entanto, o estrago foi bem maior.
Segundo a presidente da Associação dos Moradores do Recreio dos Bandeirantes (Amor), Simone Kopezynski, a obra paliativa feita na ocasião deveria ser sucedida de outra que traria resultados duradouros.
- Gastou-se muito dinheiro com aquela obra, que disseram ser uma precondição para a definitiva. Depois começaram a falar que aquela já era a definitiva. Desde então, a empresa contratada vai até a praia apenas para fazer pequenos reparos — explica Simone.
O risco de novas destruições do local não foram só previsto pelos moradores, mas também por um relatório do Tribunal de Contas do Município (TCM), que, em outubro de 2019, determinou que a prefeitura apresentasse um plano para o local no prazo de 90 dias. Mas, segundo a presidente da Amor, nada foi mostrado até hoje.
Para realizar a nova obra, uma das hipóteses cogitadas foi atualizar um estudo feito em 2000 pelo professor do Departamento de Engenharia Costeira da Coppe/UFRJ Paulo Rosman e por sua equipe. Segundo o especialista, porém, a análise não foi usada como base para nenhuma das obras feitas nos últimos 20 anos no local.
— Em novembro em 2017, enviamos uma proposta para atualização do estudo e foram pedidas algumas revisões, que concluímos em fevereiro de 2018. Mas a prefeitura preferiu não contratar (o serviço) até agora — recorda o professor.
O estudo previa algumas medidas que resolveriam o problema por décadas, segundo Rosman, como a construção de uma guia-corrente, popularmente chamada de quebra-mar, e o engordamento do estoque de areia. Em cálculos feitos pela equipe na época, o valor do projeto ficaria em torno de R$ 50 milhões.
Simone lembra que o problema ficou mais grave e se tornou sazonal desde que a mais cara obra já feita no local, em 2005, pelo projeto Eco-Orla, ficou pronta. Ela custou R$ 21,9 milhões, mas o calçadão voltou a desmoronar em 15 dias, afirma:
— Nesta época do ano, o mar sempre puxa a areia, e a estrutura é danificada.
Paulo Rosman explica que as maiores ressacas ocorrem depois de um El Niño forte, caso dos anos de 2000 e 2017, e que a obra de 2005 deixou o calçadão mais vulnerável:
— A estrutura feita pelo Eco-Orla piorou a situação, porque é refletora. Quando a areia sai e a água começa a bater no paramento vertical, reflete a energia das ondas e aumenta o poder erosivo na praia.
Procurada pelo GLOBO-Barra, a Secretaria de Infraestrutura e Habitação, responsável pela conservação, não respondeu até a publicação desta reportagem.
https://oglobo.globo.com/rio/bairros/ressaca-abre-nova-cratera-no-calcadao-da-praia-da-macumba-veja-video-1-24462776
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