“Discurso da Presidente”
Bom dia a todos.
Em fevereiro lamentamos as tragédias que em trinta dias vivenciamos em nosso país e, dia após dia, foram ficando cada vez mais perto de nós. Foram eram elas o rompimento da barragem em Brumadinho, o temporal que atingiu a nossa cidade e o incêndio no CT do Flamengo em Vargem Grande.
Neste mês de abril, mais uma vez pranteamos os mortos em nossa cidade, vítimas novamente das chuvas torrenciais que atingem uma cidade construída em plena mata atlântica, imprensada entre o mar e a montanha e que teve o seu solo ocupado frenética e desordenadamente ao longo de décadas.
Mas porque voltamos a esse assunto em um Conselho Comunitário de Segurança?
Porque há anos os membros efetivos do 31°CCS denunciam as construções ilegais em áreas de proteção ambiental, em áreas de encostas e nas margens de canais e rios.
Em janeiro, em nossa reunião no Itanhangá Golf Club, foi exposto o problema das construções ilegais naquela região de nossa AISP. Foram mostradas imagens aéreas que explicitavam o aumento descontrolado das construções ilegais em área de preservação ambiental que mostravam, inclusive, os prédios que desabaram. O resultado de tal explanação foi o desaparecimento, em pleno voo, dias depois, do drone que produzia as imagens. Informações que não podemos confirmar, já que o drone nunca foi achado, dão conta que ele pode ter sido abatido. Tal tese se vê reforçada pelo fato de que um membro do grupo responsável pelo projeto ter sido ameaçado.
O poder paralelo, apesar dos esforços das forças policiais, está cada vez mais perto de nós, invade nossas matas, rios, encostas, ilhas e praias e há muito nos perguntamos se sabe do que acontece em nossas reuniões, já que as mesmas são públicas.
Ele não só garante a ocupação ilegal do solo, como constrói verdadeiras catacumbas, de onde são retirados os corpos e soterrados os sonhos de centenas de pessoas ao longo dos anos.
Na semana em que boa parte da população brasileira comemora a ressurreição de um Ser de Luz, esperamos que ressurja a esperança em dias melhores, onde nós possamos ter a certeza que liminares não sejam dadas para impedir que prédios condenados sejam demolidos, que as leis não sejam lenientes com o ilícito, que a solidariedade seja exercitada a cada dia, que o espaço público e o meio ambiente sejam tratados como um bem comum e não como um meio de conseguir enriquecer a custa da dor e do sofrimento alheio.
Que nenhum sangue derramado seja em vão e que a justiça seja, realmente, para todos.
Simone Giacobbo Kopezynski
Presidente do 31º CCS
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